sábado, 28 de fevereiro de 2009

A volta para São Paulo: obra II


Continuando a história de ontem sobre a obra em São Paulo antes da minha mudança... Na última semana de obra, voltei de novo para ver como as coisas estavam. Realmente estava quase tudo pronto, faltava praticamente só a pintura, o que foi um grande alívio para mim.
O único que atrasou a entrega foi o pessoal da Marabraz, onde comprei os armários da cozinha. É claro que cada pequeno detalhe me deixava neurótica. Meus pensamentos, como sempre, a mil. Imagina se na hora de instalar o gabinete, os caras furam os canos, tem que tirar azulejo e essas coisas? E se os pedreiros não estiverem mais aqui, o que eu faço? Será que os caras mesmo consertam? Geralmente eles dizem que o trabalho deles não inclui isso, aquilo, aquilo outro... E sem o gabinete, onde vou colocar minhas panelas, talheres, roupas de mesa, etc, etc, nesse apartamento minúsculo? Ah não! Não vou deixar o problema acontecer...
Enchi o sac da Marabraz!!! Liguei, falei, expliquei, conversei, liguei de novo, falei de novo, expliquei de novo, conversei de novo, enfim acho que convenci o pessoal a vir logo... Eles vieram. Qual foi a minha surpresa quando chegou um homem e uma mulher! Mulher fazendo esse trabalho? Fura, carrega, pendura, aperta? Precisa de muita força!!! Fiquei muito espantada mesmo!!! Ela era incrivelmente forte!!! Acho que deve ser parente da Mônica!!! Fiquei imaginando o marido da dita cuja... ele não deve contrariá-la nunca! A menos que o marido também trabalhe com ela... Aí o caso fica mais interessante. Fiquei imaginando a noite como seria... cheia de tapinhas. Um tanto violentos, claro! E uma manhã cheia de marcas... ahhhhhhhhhhh que inveja!!!... ... deixa os outros para lá!!!
Acho que quando entro nesses devaneios deve ficar escrito alguma coisa na minha testa, pois sempre que volto alguém está olhando para mim com cara de quem está esperando uma resposta para uma pergunta que eu não ouvi. Será que dessa vez eu estava com cara de quem está pensando em sacanagem? O pedreiro olhava para mim com uma risadinha irônica no canto da boca. Será que eu pensei alto? Volta, Verônica, volta à realidade!!! Acorda, menina!!!
Enfim, dei as últimas instruções para os pedreiros, dei uma caixinha para o casal que estava instalando a cozinha e saí para comprar caixinhas de tomada, interruptores e uma ou outra coisa que faltava.
Felizmente deu tudo certo e a obra acabou no dia combinado. Disso tudo, aprendi uma lição. Fui extremamente eficiente na gestão dessa reforma, principalmente porque tinha um prazo inadiável para a mudança e uma certeza de que se alguma coisa ficasse pendente não seria resolvida nunca mais por causa das minhas limitações em tratar com esses problemas de manutenção da casa (exceto pelo fato de que agora tem a Porto Seguro, claro!).
Mas resumindo... Adorei brincar de obra e tenho certeza que na minha próxima casa vou fazer tudo de novo!!!
E resumindo 2... Até hoje não sei se os pedreiros têm capacidade de ler a mente dos outros!!! Alguém pode me dizer?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A volta para São Paulo: a Obra

Meses depois da minha separação recebi um convite de trabalho em São Paulo e decidi mudar. Tinha um mês para preparar a volta. O apartamento onde eu iria morar precisava de uma bela reforma...
Chamei dois empreiteiros, pedi os orçamentos, peguei referências, escolhi um deles e comecei a rezar para a obra não atrasar... Enquanto eles destruíam a cozinha e o banheiro e tiravam o piso do quarto e o armário embutido, eu ia nas casas de material de construção encomendar encanamento, piso, azulejo, fio, tudo...
Esbocei uma planta do apartamento inteiro, pois a casa onde eu morava era, literalmente, cinco vezes maior que o apartamento, sem contar a área externa. Eu ia ter que “zipar” tudo... móveis, louças, roupas, sapatos, brinquedos, livros...
Enquanto eles trabalhavam na obra em São Paulo, no interior eu media todos os meus móveis e passava as noites brincando de quebra-cabeça para tentar me adequar ao novo espaço.
Depois de duas semanas de obra, resolvi voltar para São Paulo para ver como andava a obra e comprar as coisas que faltavam. Graças a Deus tudo dentro do prazo. Os materiais chegaram, os pedreiros já estavam com o banheiro e a cozinha quase prontos.
Nessa fase, eu precisava comprar armários de cozinha, de banheiro, tinta, torneiras, essas coisas. Como eu não tenho muita habilidade artística, resolvi convidar uma tia que eu adoro para ir comigo e me ajudar a escolher esses detalhes de acabamento.
Logo que chegamos à loja, descobri que os nossos gostos não são exatamente parecidos... Gosto de coisas “modernosas”, ela é mais tradicional. Eu resolvi pintar uma parede da sala de verde... Ela torceu o nariz... Resolvi fazer uma textura, ela fazia mil caras... A situação foi ficando até estranha... Por causa disso, o tempo que eu demorei para escolher as tintas foi o mesmo tempo que eu havia demorado para comprar todo o resto em todos os outros dias... Eu já não agüentava mais ficar naquela loja e acho que ela também não...
Mas como meu tempo era curtíssimo, não podia me dar ao luxo de voltar outro dia. Pensava na logística... A cada vez que vinha para São Paulo, tinha que pedir favor para alguém ficar com as crianças, gastar com estacionamento, depender de outros para poder me hospedar, enfim...
Decidi, então, acabar logo aquelas compras. Fomos para a casa da minha tia, pois eu estava hospedada lá. Meu tio chegou com um pote de sorvete de pistache. Eu e a minha tia comemos um monte... De repente, ela diz: “pelo menos para sorvete temos um gosto parecido”. Isso foi ótimo para aliviar aquele “climinha besta” e caímos na risada. Até hoje ela sempre lembra dessa história quando vou fazer uma visita ou almoçar por lá...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O Carnaval Reflexivo de Verônica


Desde que resolvi criar o blog, nunca fiquei tanto tempo sem escrever. Fui para o interior, na casa dos meus pais e resolvi descansar. E realmente descansei muito.
Meus pais, irmãos e cunhados tiveram um papel fundamental durante o período crítico da minha separação. Eles me deram muito apoio. Respeitaram minhas crises de choro, meus momentos de raiva e de desespero, enfim, me ajudaram a passar pela turbulência. Eles são muito discretos e nunca ficam especulando sobre os acontecimentos passados ou futuros.
No entanto, essa discrição (dos meus mais principalmente), às vezes oculta uma enorme curiosidade. Vez por outra percebo que minha mãe morre de curiosidade a respeito da minha vida afetiva. Quando conto alguma coisa a esse respeito, os olhinhos dela brilham. Até se ajeita no sofá e coloca o cabelo atrás da orelha, como se com isso fosse absorver melhor as informações. Não perde uma palavra. E o mais engraçado é o conflito interno que às vezes deixa transparecer nos seus comentários. Por um lado, ela quer que eu arranje alguém que seja legal e compartilhe as minhas aventuras e desventuras. Por outro, teme que uma nova relação acabe nos afastando em alguma medida, tornando esses deliciosos momentos de confidências mais raros.
Hoje tenho mais consciência do que nunca de que nada nessa vida é mais importante do que a minha família, incluindo meus filhos, meus pais, irmãos, agregados e derivados.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Advogados: Parte II


Escrevendo sobre advogados ontem, lembrei de uma outra história. Por motivos mais relacionados ao meu trabalho, amizades e interesses pessoais, já faz algum tempo que freqüento ocasionalmente eventos na OAB e outros do gênero.
O evento em questão era o lançamento de um livro na Livraria Cultura no Shopping Villa Lobos, acompanhado de um workshop sobre o mesmo tema: sociologia do direito. Como pode Deus dar um privilégio intelectual tão grande a alguns? O autor do livro era simplesmente muito, muito, muito, mas muito mesmo, além dos seres humanos normais.
Naquela época eu ainda era casada, o fulano também era casado. O que mais me impressiona em um homem é, sem a menor dúvida, a inteligência, como já devem ter notado aqueles que lêem esse blog com certa freqüência. Então, fiquei apenas impressionada e mal troquei um aperto de mão com ele ao sermos apresentados, pois o assédio sobre ele naquela noite era, obviamente, muito grande.
Acho que mais de um ano se passou depois desse evento, até que nos encontramos novamente na OAB. Não podia nem imaginar que ele me reconheceria. Mas, para a minha total surpresa, ele não apenas lembrou, como ficamos quase meia-hora conversando antes do evento. E, depois de tudo, ele ainda disse que jamais deixaria de reconhecer meus olhos!!!
Acho que eu nem pisquei nesse dia. Acho que também fiquei uns 3 dias sem dormir. Você já teve a sensação de conversar com um Deus pessoalmente? Pois é, fiquei assim. Levitei. Flutuei. Descobri o significado de ficar em estado de torpor. Fiquei com um sorriso idiota no rosto por vários dias...
Não sosseguei até descobrir alguém que pudesse me dar a ficha do fulano (adoro fazer isso, acho na outra vida eu era espiã). Quando descobri que ele estava separado também, não acreditei. Comecei a pensar milhões de coisas e estratégias para me aproximar dele. A essa altura, eu já tinha conseguido até o e-mail e telefone.
Mas, a vida real não é um blog. No blog, tudo vale. Todos os pensamentos podem ser escritos. Todas as bobagens. Todos os delírios, fantasias. Poucos conhecem minha verdadeira identidade.Na vida real, não fiz nada. Fiquei apenas pensando e sonhando... Até que descobri que ele já estava se arranjando de novo... É, a vida é assim...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Advogados: homens de Marte


Para quem assistiu à peça da Mônica Martelli, “os homens são de Marte e é para lá que eu vou”, fica claro o quanto uma mulher que quer um namorado é capaz de se transformar, se reinventar e fazer malabarismos para conseguir atingir esse objetivo. A peça é realmente muito engraçada e vale a pena assistir.
Na peça ela conta todos os lugares que ela freqüentou para achar um namorado. Ia ao supermercado e olhava o conteúdo dos carrinhos... e chegou a conclusão de que não era um bom lugar... homens sozinhos comem fora. Loja de material de construção... só homens construindo o ninho para outra e por aí afora.
Pois bem, lembrei-me dessa passagem porque ontem fui assistir a uma palestra na OAB. Não, não fui para achar namorado. O tema da palestra se referia à minha profissão e fui para me atualizar.
Mas, data venia, é um lugar interessante. Já que estava lá não custa nada dar uma olhada na paisagem!!! É, acho que os advogados combinam com a Verônica. Não aqueles de porta de cadeia, claro!
Bons advogados tem perspicácia, articulação, são rápidos de pensamento e ótimos oradores. O apresentador de ontem era inteligente, atualizado, bem preparado, bem vestido (ai, ai, suspiros...), tudo de bom. Acho que é por isso que essa mulher que segura a balança fica com os olhos tapados... Pra não cair em tentação!
Acho que Verônica está sonhando com um novo príncipe encantado!!!!!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ex-Namorado


Uns meses depois que eu me separei encontrei o irmão de um ex-namorado no supermercado... Foi aquela festa... Mil anos de conversa para colocar em dia. O que você está fazendo? Casou? Teve filhos? E o Felipe? Está casado? Trabalha onde? Enfim... troca de telefones e e-mails e dias depois o Felipe me ligou.
Nossa, que coincidência!!! Também tenho dois filhos, também estou separado, também trabalho com tal coisa, também isso, também aquilo... Foram tantas as coisas parecidas que quando desliguei o telefone, ficou aquela dúvida no ar: será que eu fiz a escolha certa? O Felipe tinha sido a minha grande paixão. Namoramos dos 17 aos 19 anos. Viajávamos, curtíamos mil coisas, íamos a shows, ficávamos bêbados juntos. Era muita diversão. Nessa época nós dois já trabalhávamos e estudávamos à noite, mas os finais de semana eram maravilhosos e cheios de festas. Nem me lembro por que desmanchamos.
Foi difícil marcar o encontro. Cada um com um agenda pior que a do outro... Enfim, marcamos numa quarta, às 22h, num bar. Eu me atrasei, porque minha reunião prevista para acabar ás 21h tinha demorado mais que o previsto. Quando cheguei, ele estava com uns amigos que eu não conhecia.
Acho que fazia anos que eu não dava tanta risada. Os amigos dele se divertiram com as nossas mil histórias daquele tempo. Eles também me contaram as coisas mais recentes que ele aprontava. Acho que é um eterno moleque. Acho que não leva a vida tão a sério. Nada de compromissos. Nada de problemas. Saí de lá leve e feliz...
Mas como era uma quarta-feira e já estava muito tarde, ficou só nisso... mas marcamos de nos encontrar uma outra vez (sem os amigos, claro!).
Ele veio me buscar em casa. Estava bem mais encorpado do que nos antigos tempos, mas ainda estava lindo. Um sorriso maravilhoso. De novo, fomos a um bar, bebemos, demos muitas risadas, como nos velhos tempos.
Depois que saímos do bar, ele saiu dirigindo que nem um louco. Como nos velhos tempos. Só que antes eu achava engraçado, agora já não era mais tão legal assim. E assim, várias outras coisas foram acontecendo... Cheguei à conclusão que ele realmente não tinha mudado. Continuava um moleque, divertido, adorável, lindo. Mas um moleque. Acho que deve ter sido por isso que eu desmanchei.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Coincidências (Jayme)


Parte 1: O Jayme
Ontem recebi um e-mail do Jayme.
Não conheço o Jayme pessoalmente.
E seu e-mail foi apenas uma resposta a um e-mail que eu havia enviado por causa de um dos meus posts.
Seu e-mail foi breve e cortês. Mesmo assim fiquei encantada.
Fantasiei o Jayme. Um gentlemen.
O Jayme é um tanto famoso (não é o Monjardim) e resolvi procurar sua foto no Google Images.
Continuei achando um gentlemen.

Parte 2: O Gustavo
Por coincidência, ontem li um post sobre o novo homem do século XXI (http://nao2nao1.com.br/homem-de-respeito-nem-principe-sensivel-nem-ogro-machao/).
Nem machão, nem metrossexual.
Gostei do que escreveu Gustavo, o autor do blog.
Fiz até um comentário, que vou reproduzir aqui:

“Acho que realmente você [Gustavo] tem uma boa leitura da alma feminina… Nada melhor do que um homem com jeito (gosto e cheiro) de homem, que conduza as situações com segurança e desenvoltura, e que ao mesmo tempo tenha o tom certo para fazer com que a mulher se entregue sem se sentir violada no sentido mais amplo do termo”.

Parte 3: Os dois
Não conheço o Jayme. Nem o Gustavo.
Acho que o Gustavo sabe como deve ser um homem.
Acho que o Jayme deve ser. Na minha fantasia, ele o é.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Verônica, o filme


Fui assistir ao filme “Verônica” (http://veronicaofilme.uol.com.br/), para ver se somos parecidas. Só para começar, além de ser fictícia, ela também é separada, o que vem bem ao caso para o meu blog... Vou, portanto, concentrar meus comentários sobre esse aspecto e não sobre o tema central do filme.
Resumindo a história, Verônica (Andréa Beltrão) é ex-mulher de um policial, que no filme se chama Paulo (Marco Ricca). Um parênteses: com um ex desse, quem precisa de marido? Ela resolve fugir com um aluno, pois o garoto está jurado de morte por policiais envolvidos com o crime organizado, dentre os quais se inclui o ex-marido. A situação de Paulo é muito delicada, pois, de um lado, estão seus parceiros de profissão (e o chefe também) e, de outro, Verônica e o garoto. Em determinado ponto do filme, no entanto, ele é obrigado a fazer a escolha de quem deve sobreviver. Ele opta por salvar Verônica, mesmo sabendo que prováveis conseqüências que virão.
Essa é uma das partes principais do filme e tem um grande significado, embora isso não seja válido para a maioria das separações (eu acho, não sou psicóloga e nem gostaria de ser). Existe um elo muito forte na relação, ainda que o casamento não mais exista. Vejo que as divergências cotidianas minam os relacionamentos e às vezes os casais se separam mesmo que ainda se gostem. Esse parece (a mim, pelo menos) ser o caso de Verônica e Paulo.
Diferentemente de outros filmes brasileiros a que assisti ultimamente, acho que esse trecho denota um certo otimismo e nos confere um pouco de esperança de que o bem vença sobre o mal. E, no caso de Verônica, do quanto é maravilhoso saber que apesar de ex, Paulo é capaz de socorrê-la e protegê-la.Ai, ai... suspiros...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O mocinho do banco


Como, dentre as infinitas coisas que faço, ainda sou esotérica, acredito muito em energias. Infelizmente, acho que quando coisas pesadas acontecem, como uma separação, existe uma baixa de energia e isso traz inúmeras consequências. Problemas com a auto-estima é apenas o começo. E mau-humor é estado de espírito constante durante os primeiros tempos. Essas coisas, no entanto, fazem o nosso nível de energia ficar ainda mais baixo e mais difícil fica de reagirmos de maneira sensata, racional e positiva para sair dessas situações. Para piorar, essa baixa de energia faz com que pequenas coisas tornem-se insuportavelmente grandes. Vira uma roda-viva sem fim.
E nesse estado estava eu, quando tive que resolver um problema no banco. Lidar com o grande público dia após dia deve ser uma atividade extremamente estressante. As pessoas ficam horas na fila e descarregam sua raiva naqueles pobres seres humanos pagos para nos atender. E, por mais que evitem, não é raro que os caixas também descontem suas angústias sobre os clientes. Enquanto não se resolverem esses problemas de filas enormes, essa situação será uma potencial bomba prestes a explodir.
Acho que foi isso que aconteceu naquele dia. Fosse em outra ocasião, eu olharia aquele moreno gatíssimo e ficaria feliz só de ver aquela paisagem. Mas não... eu estava na TPM ao quadrado e ele de rosca virada. Uma ótima combinação. Eu tinha uma dúvida sobre o problema que eu estava tentando resolver ali e ele começou a ironizar... tipo assim, sugerindo que eu fosse burra... Ah, eu fiquei possessa... Muito mesmo. Mas como não sou do tipo de dar escândalos e baixarias, tentei cometer um homicídio com o olhar, mas como não consegui, simplesmente virei as costas e fui embora.
Chegando em casa, a primeira coisa que fiz foi ligar para o SAC do tal banco... Reclamei, falei, ameacei, não xinguei porque não sou mal-educada, mas que deu vontade, isso deu!!! Enfim, protocolo anotado, tchau.
Acho que uns dez dias depois me ligou o gerente da agência, perguntando o que efetivamente havia acontecido, pedindo desculpas e afirmando que as providências devidas seriam tomadas.
Depois que desliguei o telefone fiquei pensativa por alguns minutos (como vocês já devem ter percebido que é o meu costume). Cheguei à conclusão de que não iria acontecer nada de tão grave (tipo assim, demissão) ao mocinho, já que é um banco público.
Esse episódio me fez voltar a mim. É muito raro eu tomar atitudes em momentos de stress emocional, pois sei que isso invariavelmente dá errado. No geral, prefiro chorar descontroladamente a noite inteira, dormir exausta e resolver no outro dia do que ter uma reação imediata. Tudo o que aconteceu poderia ter sido evitado. Será que se, na próxima vez que eu for ao banco, eu der uma piscadinha para o mocinho bonito, ele me perdoa? Ou vai achar que sou louca e querer me matar?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Criança doente no meio da madrugada


Acho que a separação tem várias fases ruins. A primeira fase ruim é logo no começo, quando você sente a falta do ex, enxerga as coisas dele em todos os cantos da casa, continua fazendo as comidas prediletas dele, a rotina fica toda fora de controle, a cama fica vazia à noite e milhões de outras coisas.
Nessa fase, tudo o que acontece é potencializado. Todo o drama fica maior do que realmente é. O peso da responsabilidade parece decuplicar. Por isso, muitas das minhas histórias se referem a esse período, onde a cada dia a gente acha que tudo o que tem para acontecer de ruim já aconteceu... E a cada dia a gente descobre que isso invariavelmente não é verdade.
Pois bem, menos de um mês depois da separação, minha filha ficou doente. Começou com uma tossinha e uma febrinha no final da tarde. Dei um remedinho, um banhinho, uma comidinha, brincamos um pouco e fiz todo aquele ritual de colocar as crianças para dormir.
Era quase meia-noite quando a minha filha resolve ter um acesso de tosse, desses de ficar mais de hora tossindo. Dei água, dei mel, coloquei ela sentada na cama, tirei ela do quarto, fiquei com ela sentada no meu colo no sofá, fiz tudo o que eu me lembrava e aquela tosse seca não parava de jeito nenhum.
Duas horas da manhã eu não sabia mais o que fazer... E agora, vou para o hospital? O que eu faço com o meu filho de dois anos? Deixo-o sozinho trancado em casa e vou? Tiro-o do sono profundo da madrugada e levo junto para o pronto-socorro? Ligo para a minha vizinha e peço para ela dormir na minha casa? Ligo para os meus pais, que, além de já ter uma certa idade, ainda estão a quilômetros de distância?
Resolvi não fazer nada disso e liguei para o Tatá. Ele veio. Quando ele chegou, pegou a minha filha, ficou com ela no colo um pouco e deitou com ela na sala. Pouco tempo depois, já exausta, ela dormiu de novo e ele passou o resto da noite lá.
No dia seguinte, tive que ouvir que eu era uma mãe incompetente. E, pior, que eu era mentirosa e que eu estava usando as crianças como pretexto com a intenção de deixá-lo com sentimento de culpa...
Então, como eu disse no começo, a situação já estava péssima. A minha filha ficar doente, tornou-a ainda pior. E, depois de tudo, ainda ouvir o que eu ouvi, foi totalmente destrutivo.
Resolvi que nunca mais iria ligar para o Tatá em toda a minha vida para pedir ajuda, nem que para isso eu tivesse que sacrificar quem quer que fosse. Essas situações nos tornam mais duras e amarguradas.
No dia seguinte, como ela continuava com tosse e com febre, levei ao pronto-socorro e a médica passou um antibiótico que o Tatá nem chegou a ver porque aquele não era o final de semana dele.
E, nesse ponto, apenas um parênteses sobre os pediatras, principalmente os que não nos conhecem. Às vezes, tratam as mães como se fossem loucas desesperadas. Isso só acontece porque eles realmente não têm a menor idéia de tudo o que aconteceu até chegarmos ali...
Enfim, só depois de quase dois anos de separados é que eu e Tatá tivemos uma conversa decente sobre aquele acontecimento, onde finalmente as coisas ficaram esclarecidas.
E, não sei se feliz ou infelizmente, hoje sou muito mais forte e capaz de resolver tudo sozinha. Ontem fui para o hospital com ela de novo. Voltei quase uma da manhã, com ela medicada.
Essa situação é, de todas, a que mais me deixa fragilizada. Depois que tudo passa, sinto falta de alguém que possa simplesmente me abraçar.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Telefones


Logo nas primeiras semanas após a separação, tinha uma coisa que me deixava louca... o telefone. Às vezes eu estava toda concentrada escrevendo a minha dissertação, tocava o telefone. “Por favor, gostaria de falar com o sr. Tatá ?”. Eu respondia: “Sr. Tatá não mora mais aqui”. Depois que eu desligava, eu chorava e chorava.
Até que teve um dia em que ligou a trigésima quinta moça de telemarketing procurando por ele. Quando eu disse que o Tatá não morava mais lá, ela me perguntou o meu nome e queria me vender uma assinatura de jornal. Eu disse que não estava interessada e blá, blá, blá, mas como sempre, eles são tão treinados que nenhum dos nossos argumentos funciona. Então comecei a contar a história da minha vida para ela...
“Olha, Fulana, eu me separei e a pensão que eu recebo não dá nem para pagar direito a escola das crianças”... e por aí foi... ela tentava voltar para o assunto, mas eu não deixava. Continuava a falar... “não, olha, deixa eu te contar mais isso e isso”... Ela tentava me convencer dos benefícios de ser uma pessoa bem informada... E eu dizia que tudo me lembrava o Tatá... “ai, o Tatá iria adorar o caderno de esportes” e começava a chorar... Então ela me ofereceu um período de assinatura grátis por 20 dias... E eu falei da viagem “grátis” que ganhamos numa promoção uma vez... Aí ela falava das possíveis formas de pagamento... E eu falava que o Tatá adorava chuchu... Parecia conversa de louco. Acho que depois de uma meia hora ela se convenceu de que eu precisava mais de um psiquiatra e do que de uma assinatura de jornal... Desliguei o telefone de terapia feita!!!
Achei que tinha resolvido dois problemas... o primeiro era o meu desabafo e o segundo era me livrar da tal fulana... Mas nem uma coisa nem outra era verdade. O primeiro porque nunca os desabafos eram suficientes para diminuir a minha dor (a Rosa que o diga!!!)... e o segundo porque...Poucos dias depois, o povo do tal jornal resolve ligar de novo, agora já procurando por mim... Mas daquela vez eu estava ocupada o suficiente para não querer repetir a conversa. E também já sabia que os argumentos clássicos (já assino outro jornal, não gosto de sujar as mãos, já tenho acesso pela internet e etc) não funcionariam. Então curta e grossa, eu disse: “EU NÃO SEI LER, obrigada”. E desliguei o telefone.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Restaurantes & Cia.


Nos finais de semana em que o Tatá fica com as crianças, eu geralmente fico com preguiça de cozinhar só para mim. Aqui em São Paulo tem muitas opções, principalmente nas praças de alimentação dos shoppings, onde você pode almoçar sozinha sem parecer um alien.
Quando eu estava no interior, no entanto, isso não era nada comum. É impossível entrar num lugar e não ter que ouvir a detestável pergunta “lugar para quantos, senhora?”. “Só eu, senhorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr”.
Como todos se conhecem, as pessoas ficam olhando, como se fosse algum crime ou tivesse cometido um pecado. Agora entendo porque algumas amigas do interior detestam essa mentalidade provinciana.
Pois bem, um dia estava a fim de ir num restaurante, mas não queria enfrentar essa situação. Pensei em almoçar na cidade vizinha, que fica a menos de 10 minutos de distância. Depois pensei: “por que estou dando tanta importância para isso?... querem olhar e fofocar depois?... se é assim, então vou dar motivo!!!”.
Coloquei um vestido vermelho curto e decotado, desses impossíveis de não se ver. Passei maquiagem... batom vermelho, claro! Salto alto e estava pronta.
Como eu supunha, na hora em que eu cheguei, muitas cabeças se viraram. Mais mulheres do que homens, como sempre. Respondi a detestável pergunta do garçom, escolhi uma mesa, fiz meu pedido e fiquei lá esperando. Essa é a pior hora, pois enquanto a comida não chega, não sabemos para onde olhar ou o que fazer. Comecei a rabiscar o guardanapo. Mas a cada vez que eu levantava a cabeça e olhava à volta, tinha alguém me olhando, que tentava disfarçar e virava a cabeça logo em seguida.
Minha comida chegou e percebi que tinha uma mulher que me olhava insistentemente. Eu tinha certeza de que não a conhecia. Percebi que ela fazia comentários com outra mulher ao seu lado. Acabei a minha comida e, vez por outra, ela olhava de novo.
Paguei a conta e fui em direção à mesa dela, olhando fixamente nos seus olhos. Ela, é claro, ficou incomodada com isso e foi a vez dela ficar constrangida.
Quando cheguei bem próximo, eu disse “Muito prazer, acho que não fomos apresentadas ainda. Meu nome é Verônica.” Ela não sabia o que fazer, para onde olhar, se levantava ou ficava de pé, se corria ou se escondia... Olhava para os outros em busca de salvação, mas como ninguém a socorreu, não restou outra alternativa que não levantar e me cumprimentar. Acho que eu estava meio metro mais alta que ela. Ela disse “Oi, eu sou a Renata”. E eu: “você estava olhando tão fixamente para mim, que eu achei tratar-se de alguém conhecido. Posso ajudá-la em alguma coisa ou algo que você gostaria de saber a meu respeito?”... Depois que ela gaguejou alguma coisa inaudível e incompreensível, achei que já tinha sido o suficiente... Então me despedi com três beijinhos: “tenho certeza de que vamos ter ótimas oportunidades de conversar qualquer dia desses sobre esses assuntos... tchau, QUERIDA.” Olhei para os outros e completei: “bom almoço para vocês!”.
O “querida” saiu bem pronunciado, para que as mesas em volta pudessem ouvir também. A cara de espanto de todos era hilária. Tive que me segurar para não dar uma bela gargalhada da situação.Quanto aos outros eu não sei... mas tenho certeza de que a tal Renata vai pensar duas vezes antes de ficar futricando por aí nos restaurantes...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Outra viagem


A mãe de uma amiguinha da minha filha nos convidou para ir à praia com eles no final de semana. Achei ótimo, até mesmo porque nos sentimos isoladas da sociedade com a separação e esses convites são como bálsamos para a nossa alma fragilizada.
Fomos. As crianças se divertiram muito e eu consegui descansar mentalmente. Foi tudo ótimo e nada de excepcional aconteceu.
No dia seguinte, porém, ao abrir o meu e-mail, recebi uma mensagem do pai da amiguinha. Curiosa, abri. Ele tecia mil elogios a mim, primeiro como mãe zeloza, depois como uma pessoa simpática, e por aí foi até terminar com um “é claro, não podia deixar de dizer, um corpo atraente”. E ainda acabava me perguntando se poderíamos sair um dia. F.D.P.!!!!!!!! Uma cantada escancarada!!!!
O que fazer? Repassar um e-mail para a mãe da garota causaria uma guerra. Ignorar seria a melhor opção? Sem querer saber de mais problemas na minha já tão louca vida, mandei um e-mail formal e seco, dizendo “não, obrigada”.
O fulano, porém não desistiu e me mandou mais meia dúzia de e-mails durante o resto d semana, aos quais não respondi. Achei que ele iria se tocar e desistir.
Para a minha surpresa e desespero, na semana seguinte, encontrei a mãe da amiguinha na escola. Direta, ela me diz: “Olha, Verônica, não fique chateada. Eu li o e-mail do meu marido para você, vi as mensagens que ele te mandou, li a sua primeira resposta e vi também que você não respondeu às demais”. E continuou: “Sei que você não fez nada de errado e ele sim, mas infelizmente não vamos poder continuar a nossa amizade. E finalizou: “Espero que entenda”. Virou as costas e se foi. Não deu nem tempo de responder, se é que havia alguma resposta.
A frustração foi enorme. Sofri por mim e pelas crianças também.Minha conclusão sobre o episódio é que mulheres recém-separadas ficam carentes e os homens sabem disso. Tornam-se presas fáceis... Ainda bem que não caí na cilada! Mas hoje entendo por que algumas mulheres acabam saindo com homens casados.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O Pedreiro II


Mas a história do pedreiro não foi só isso. Naquela altura do campeonato já fazia uns meses que não rolava nada, nem selinho. Eu não tinha tempo nem disposição para pensar em homens, mas de vez em quando algo me chamava a atenção.
Os pedreiros devem estar entre as raças mais fortes de homens e é força natural e não artificialmente construída na academia... Fiquei olhando aquele corpo todo musculoso, braços, pernas... e a força que deveria estar por trás daqueles músculos.
Não sei se ele percebeu que eu o observava discretamente, mas sei que quando acabou o trabalho senti que deu uma boa examinada em mim com os olhos...
Naquela noite eu estava tão cansada que caí num sono profundo logo que deitei. De madrugada, porém depois daquele período de sono mais pesado, comecei a ter um sonho estranho, desses que a gente não sabe se é sonho ou realidade.
Eu estava com o pedreiro, mas agora ele não era mais pedreiro, era, para quem leu, um tipo de Holtan (de A Mulher de Calígula), com o mesmo corpo, mas agora quase um nobre. O encontro era extremamente sensual. Ele me abraçava pelas costas, levantando com uma mão o meu cabelo para beijar a minha nuca e com a outra me puxando de encontro ao seu corpo.
Era um sonho meio delirante e eu quase podia sentir suas mãos tocando meus seios. E aquela sensualidade foi dando lugar a uma relação mais forte e selvagem. Seu corpo agora estava recoberto de suor. Ele beijava todo o meu corpo e ao mesmo tempo continuava segurando meu cabelo, mantendo o domínio da situação...
Quando o ato se consumou efetivamente, eu senti prazer muito fortemente. De certa forma, acho que meu corpo estava me mandando mensagens pelo sonho, lembrando que eu precisava me sentir mulher novamente.
Acho que tive uma febre meio delirante naquela noite. Acordei suada, exausta e com as pernas bambas no meio da madrugada. Ainda bem que tinha um resto de noite para dormir. Dormi profundamente de novo.
E, no dia seguinte, quando fui à obra onde ele estava trabalhando para pagar pelo serviço sentia como se não tivesse sido um sonho, mas um filme que todos tivessem assistido. Todos os que estavam na obra me olharam naquele dia. Sentia-me traída pelos meus próprios pensamentos... Foi uma experiência muito louca!!!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Pedreiro


Essa história é a continuação da história de ontem, quando a minha cozinha inundou no final da tarde... Pois bem, eu liguei para o celular do pedreiro e, logicamente, a primeira resposta dele foi que não poderia vir porque estava numa outra obra e blá blá blá blá. Perguntei se ele conhecia alguém que pudesse me ajudar e ele disse que mandaria alguém no dia seguinte...
Liguei para ele de manhã para confirmar. Às duas da tarde, ninguém havia aparecido e eu já estava vendo o temporal armar de novo... Liguei para ele de novo... Por sorte não choveu e ele veio por volta das 17h... Era horário de verão e ele acabou ficando até às 20h consertando o telhado...
Bom, e agora, o que eu deveria fazer? Sempre fico sem graça nessas ocasiões... Nunca sei quanto devo pagar... Sempre tenho medo de pagar demais ou de menos. Por que os homens fazem isso com muito mais naturalidade do que nós? Perguntei quanto era... “A senhora pode dar o quanto achar que deve”. A pior resposta possível. Acho que eles fazem isso de propósito. Será que nós, mulheres, sempre pagamos a mais? Ou será que sou só eu que me coloco nessas saias-justas?
Eu e meus eternos devaneios... Sempre me deparo com situações estranhas em que tenho que pensar no que fazer. Invariavelmente me surgem essas dúvidas filosóficas e existenciais...
Será que ficou bom mesmo? E se eu pagar demais e amanhã tiver que chamá-lo de novo? Ou pior, e se tiver que chamar outro? Céus!!!
Enfim, resolvi fazer uns cálculos... R$2.000/mês, divididos por 20 dias úteis, davam R$100,00/dia ou R$ 12,50/hora. Como foram três horas, R$36,50. Decidi pagar R$40,00.
Abri a carteira e... cadê o dinheiro?
Por que eu passei o dia inteiro com esse problema na cabeça e não consegui antecipar o fato óbvio de que precisaria pagar com dinheiro? Não que ele fosse pensar que eu era uma golpista, mas... Eta situaçãozinha chata!!!
Enfim, no dia seguinte, lá estava eu no meio da peãozada, procurando um pedreiro para pagar o pato, o mico... ah e o serviço também.
E, só para matar a curiosidade, naquela noite choveu. Fora de casa!!!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Cachoeira na cozinha


Como sempre acontece no verão, no meio da tarde chove torrencialmente durante mais ou menos uma hora. Naquela tarde especificamente, era uma chuva de vento. Muito forte. O suficiente para arrancar algumas telhas e trazer toda a chuva para dentro da cozinha, jorrando pela luminária.
As vezes acho que deveria tirar fotos desses desastres para tornar minhas histórias mais críveis...
A primeira providência foi desligar a chave geral, pois tudo o eu não precisava era ter que dar banho gelado nas criancinhas ou ter um curto circuito no computador no final do prazo para entrega do meu trabalho de mestrado.
Ainda bem que no centro da cozinha não tinha nada... A cachoeira não caiu em cima do fogão, nem do microondas ou da geladeira...
Onde eu iria encontrar alguém para arrumar o telhado urgentemente?
Eu não sei se eu faço coisas demais (as pessoas me dizem isso e meu orientador me chama de hiperativa... será mesmo? Isso sem falar que ele nem imagina que eu escrevo esse blog...), mas enfim acho que sempre estou atolada demais para me permitir ter esse tipo de emergência na vida...
Acho que nessa época deixei de resolver coisas urgentes e importantes, tantas foram as emergências desse gênero. Eu ficava pensando se Deus estava fazendo testes, desses tipo sobrevivência na selva, comigo.
Minha sorte foi ter guardado o telefone do pedreiro que havia reformado a minha casa alguns meses antes. Ele me salvou várias vezes, inclusive essa. Mas como isso só aconteceu no dia seguinte, jantamos à luz de velas e as crianças tomaram banho de gato na banheirinha de bebê... É claro que eles curtiram a brincadeira!!! Agora entendo o que a minha mãe dizia: “Como é bom ser criança!!!”

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A Viagem




Ficar finais de semanas inteiros com as crianças, sem ajuda nenhuma, era exaustivo demais no começo. Decidi, então, ir à praia com eles. Sozinha. Como já era “escolada”, fiz as comidas na sexta-feira e levei tudo pronto para não ter muito trabalho lá. Já deixei as malas no carro para não demorar demais para sair no sábado. Kit farmacinha: merthiolate, sundown, fenergan e dipirona. Tudo pronto de véspera.
Sábado de manhã, lá vamos nós! A estradinha para descer cheia de curvas. Com meia-hora de viagem, as crianças começaram a brigar. Eu não sabia se acalmava a briga ou se olhava a próxima curva. Uma mão no volante e outra no banco de trás, separando os dois.
Parei o carro.
Dei uma bela bronca. Quase voltei. A trégua durou uns 5 minutos e eles recomeçaram a briga. Depois de 15 minutos dentro do inferno de Dante, nenhuma idéia boa passava mais pela cabeça.
Parei o carro.
Chorei até me acalmar. Já nem ouvia mais o que se passava em volta. Nem o que diziam e nem o que faziam. Enfim, chorar não ia resolver nada. Resolvi continuar. Meia-hora depois, “mãe, cocô!”, “não dá para esperar, filho?”, “não, mamãe”... Ok.
Parei o carro.
Obviamente não tinha nenhum restaurante ou posto por perto, mas felizmente eu carregava sempre um rolo de papel higiênico no porta-luvas. Serviço pronto, plunkt plackt zoom, pode partir sem problema algum!!!
Minutos depois, foi a vez da minha filha. “Mãe, cocô”. Será que estou ouvindo direito? Ou são vozes na minha cabeça? Delírios? Pesadelos diurnos? Freud explica? “Mãããããããããe, cocô, mãe!!!”. Não, a vozinha era bem real e conhecida... Achei que era gozação. Dela ou dos astros!!! Essas coisas não aparecem escritas nos horóscopos diários...
Parei o carro.
Desta vez num restaurante. Eu segurava ela, a minha bolsa e ainda ficava de olho para o meu filho não sumir... Na hora em que fui dar a descarga, a chave caiu no vaso. E agora? Eu devia enfiar a mão na meleca e pegar a chave ou dava a descarga, chamava a Porto Seguro e pedia para me guinchar para o hospício mais próximo?
É... enfiei a mão na meleca!!! Acho que demorei maia hora lavando a mão e a chave... Bom, pelo menos eu sabia que cocô não ia rolar mais aquela manhã... Retomamos a viagem.
Minutos depois, toca o celular. Não vou atender. Não desistem. Tocam de novo.
Parei o carro.
Advinhem? Sabe aquele pessoal que não ligou no dia da futrica? Pois é, eram eles mesmos... meus amigos do telemarketing!!! Ai, Deus, será que ia demorar mais ou menos que uma hora para eu convencê-los de que eu não precisava de outra operadora de celular?
Plunkt plackt zoom... pode partir sem problema algum.... Boa viagem!!! Plunkt plackt zoom... pode partir sem problema algum... “Mãe, falta muito?”, “Mãe, tá chegando?”, “E agora, mãe?”...“Mãe, tô com fome”, “para falar a verdade, tô com muita fome!!!”.
Parei o carro.
Sabe aquelas mulheres que antes de ter filhos falam: “que horror, nunca vou deixar meus filhos comerem no carro”, “nunca vou dar salgadinhos para os meus filhos” e frase do gênero? Pois é, muito prazer, Verônica.
Descobri uma nova lei de Newton. Todos os paradigmas são vencidos em momentos de stress.
A viagem, que estava prevista para durar 2 horas, durou apenas 5!!! Ainda bem que, depois eles ficaram uns verdadeiros anjinhos durante todo o final de semana. Não choveu em Ubachuva e conseguimos curtir muito a praia... Isso me animou de repetir a experiência várias outras vezes. Mas, é claro, sem repetir os mesmos erros.
Hoje só viajo depois das 21h, quando as crianças já estão prontas para o encontro com os anjinhos da guarda.
E as pessoas que não sabem dessa história, acham que eu sou louca por dirigir à noite... Loucura é viajar de dia!!!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Rosa


Quando eu me separei, todas as vezes que o Tatá ficava com as crianças, eu saía com a minha amiga. Vou chamá-la de Rosa. A Rosa tem a minha idade, mas é solteira... Coitada da Rosa... acho que nunca uma pessoa ouviu tantas lastimações na vida. Ela sabe todas as histórias do blog de cor e as outras que eu não vou contar também...
O lado bom era que a Rosa conhecia todo mundo... Quando a gente estava num bar e entrava um homem bonito, já logo em seguida vinha ela com a ficha completa do cidadão... Profissão, família, namoradas, mulheres, esportes, ... tudo. Acho que ela devia ter um emprego secreto na Receita ou na Polícia Federal e nunca me contou... Eu que cresci em São Paulo, sempre achei muito engraçado isso do interior, de todo mundo saber tudo sobre a vida de todo mundo...
Tinha um médico que era uma graça... um pouco mais velho que nós, um pouco tímido e uma situação matrimonial indecifrável. Ele havia sido casado, mas a (ex?)-mulher dele morava há pelo menos 400 km de distância. Ninguém sabia direito se eles estavam juntos ou não. Onde morávamos, ela nunca apareceu.
Ele sempre estava nesse bar. Íamos no happy-hour e a Rosa se aproveitava da minha eterna criatividade para inventar milhares de assuntos para se aproximar dele. Ele sempre muito gentil e educado. Sempre acabávamos dando boas risadas. E isso durou um bom tempo... Não íamos todas as semanas, mas sempre que íamos, ele estava lá. Meses de conversa e nada de concreto, nem sequer um olhar mais abusadinho.
Um dia, ele sofreu um acidente na estrada. Saiu até no jornal da cidade. Quebrou fêmur, costelas, dedos, crânio... uma coisa muito séria. As especulações eram as piores possíveis... Enfim, depois de várias cirurgias e tratamentos, ele se recuperou e voltou a sair no jornal, com aquele doce sorriso novamente.Nesta época eu já estava morando em SP, mas sei que a Rosa nunca descobriu se afinal ele ainda está com a mulher dele ou não!!! E com 36 anos de idade, parecíamos duas adolescentes com aquelas paixões platônicas...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Mulheres Inteligentes

O vídeo fala por si só...

http://tvuol.uol.com.br/permalink/?view/id=ta-pensando-que-todas-sao-iguais-04023772DC816326/user=qgd90wma6gzo/date=2009-01-31

Obrigada ao meu amigo que me enviou... sempre presente, sempre atento e eternamente um gentelman!!!

Resposta para a Clau




A Clau me mandou um comentário (vejam no http://veronicaglix.blogspot.com/2009/01/me-contem-as-suas-histrias-tambm.html) contando sua indignação em relação ao aniversário de 11 anos do seu filho, que estava ansioso ficar com o pai por causa da festa que ele ia fazer num buffet...
Esses dias vi no Yahoo! um post sobre os carros destruídos por mulheres traídas, de onde peguei a foto desse post... Para quem tiver curiosidade, o link é http://autozine.com.br/inusitados/o-marido-pula-a-cerca-e-o-carro-paga-o-pato.
Qual a relação entre as duas coisas? Muitos sentimentos conflitantes acontecem ao mesmo tempo quando a gente se separa... Raiva é um deles. Por um milhão de motivos. Em tudo enxergamos provocação do outro. Parece que tudo é feito para nos atingir... E, hoje, vejo que, se é proposital ou não, nos atinge do mesmo jeito...
E por causa dessa raiva, temos vontade de fazer milhões de insanidades, como acabar com o carro, destruir coisas da outra, fazer escândalos ou coisas piores...
Cada uma se segura de um jeito... umas por medo de retaliação, outras por causa de sua própria imagem, outras por não conhecer as consequências legais, outras por causa dos filhos e assim por diante...
O que funciona para mim é nunca me esquecer da minha dignidade. Eu faço um exercício mental nessas horas. Sempre me pergunto: “se eu fizer tal coisa, poderei contar aos meus filhos quando eles crescerem?”. Quando a resposta é não, prefiro comer uma barra inteira de chocolate, pois sei que é mais fácil (e bem mais barato) emagrecer do que resolver problemas com a nossa consciência depois.Querida Clau, o seu filho é apenas uma criança... Quando ele crescer, vai perceber a dedicação e a mãe maravilhosa que você foi durante toda a vida dele. O pai vai ter uma festa de aniversário para contar... e você vai ter infinitas, da escola, das namoradas, das descobertas, da evolução, dos machucados, das comidas, dos amigos, das manhas, das birras, das manias... E isso ninguém jamais vai nos tirar.