terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Restaurantes & Cia.


Nos finais de semana em que o Tatá fica com as crianças, eu geralmente fico com preguiça de cozinhar só para mim. Aqui em São Paulo tem muitas opções, principalmente nas praças de alimentação dos shoppings, onde você pode almoçar sozinha sem parecer um alien.
Quando eu estava no interior, no entanto, isso não era nada comum. É impossível entrar num lugar e não ter que ouvir a detestável pergunta “lugar para quantos, senhora?”. “Só eu, senhorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr”.
Como todos se conhecem, as pessoas ficam olhando, como se fosse algum crime ou tivesse cometido um pecado. Agora entendo porque algumas amigas do interior detestam essa mentalidade provinciana.
Pois bem, um dia estava a fim de ir num restaurante, mas não queria enfrentar essa situação. Pensei em almoçar na cidade vizinha, que fica a menos de 10 minutos de distância. Depois pensei: “por que estou dando tanta importância para isso?... querem olhar e fofocar depois?... se é assim, então vou dar motivo!!!”.
Coloquei um vestido vermelho curto e decotado, desses impossíveis de não se ver. Passei maquiagem... batom vermelho, claro! Salto alto e estava pronta.
Como eu supunha, na hora em que eu cheguei, muitas cabeças se viraram. Mais mulheres do que homens, como sempre. Respondi a detestável pergunta do garçom, escolhi uma mesa, fiz meu pedido e fiquei lá esperando. Essa é a pior hora, pois enquanto a comida não chega, não sabemos para onde olhar ou o que fazer. Comecei a rabiscar o guardanapo. Mas a cada vez que eu levantava a cabeça e olhava à volta, tinha alguém me olhando, que tentava disfarçar e virava a cabeça logo em seguida.
Minha comida chegou e percebi que tinha uma mulher que me olhava insistentemente. Eu tinha certeza de que não a conhecia. Percebi que ela fazia comentários com outra mulher ao seu lado. Acabei a minha comida e, vez por outra, ela olhava de novo.
Paguei a conta e fui em direção à mesa dela, olhando fixamente nos seus olhos. Ela, é claro, ficou incomodada com isso e foi a vez dela ficar constrangida.
Quando cheguei bem próximo, eu disse “Muito prazer, acho que não fomos apresentadas ainda. Meu nome é Verônica.” Ela não sabia o que fazer, para onde olhar, se levantava ou ficava de pé, se corria ou se escondia... Olhava para os outros em busca de salvação, mas como ninguém a socorreu, não restou outra alternativa que não levantar e me cumprimentar. Acho que eu estava meio metro mais alta que ela. Ela disse “Oi, eu sou a Renata”. E eu: “você estava olhando tão fixamente para mim, que eu achei tratar-se de alguém conhecido. Posso ajudá-la em alguma coisa ou algo que você gostaria de saber a meu respeito?”... Depois que ela gaguejou alguma coisa inaudível e incompreensível, achei que já tinha sido o suficiente... Então me despedi com três beijinhos: “tenho certeza de que vamos ter ótimas oportunidades de conversar qualquer dia desses sobre esses assuntos... tchau, QUERIDA.” Olhei para os outros e completei: “bom almoço para vocês!”.
O “querida” saiu bem pronunciado, para que as mesas em volta pudessem ouvir também. A cara de espanto de todos era hilária. Tive que me segurar para não dar uma bela gargalhada da situação.Quanto aos outros eu não sei... mas tenho certeza de que a tal Renata vai pensar duas vezes antes de ficar futricando por aí nos restaurantes...

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