segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Rosa


Quando eu me separei, todas as vezes que o Tatá ficava com as crianças, eu saía com a minha amiga. Vou chamá-la de Rosa. A Rosa tem a minha idade, mas é solteira... Coitada da Rosa... acho que nunca uma pessoa ouviu tantas lastimações na vida. Ela sabe todas as histórias do blog de cor e as outras que eu não vou contar também...
O lado bom era que a Rosa conhecia todo mundo... Quando a gente estava num bar e entrava um homem bonito, já logo em seguida vinha ela com a ficha completa do cidadão... Profissão, família, namoradas, mulheres, esportes, ... tudo. Acho que ela devia ter um emprego secreto na Receita ou na Polícia Federal e nunca me contou... Eu que cresci em São Paulo, sempre achei muito engraçado isso do interior, de todo mundo saber tudo sobre a vida de todo mundo...
Tinha um médico que era uma graça... um pouco mais velho que nós, um pouco tímido e uma situação matrimonial indecifrável. Ele havia sido casado, mas a (ex?)-mulher dele morava há pelo menos 400 km de distância. Ninguém sabia direito se eles estavam juntos ou não. Onde morávamos, ela nunca apareceu.
Ele sempre estava nesse bar. Íamos no happy-hour e a Rosa se aproveitava da minha eterna criatividade para inventar milhares de assuntos para se aproximar dele. Ele sempre muito gentil e educado. Sempre acabávamos dando boas risadas. E isso durou um bom tempo... Não íamos todas as semanas, mas sempre que íamos, ele estava lá. Meses de conversa e nada de concreto, nem sequer um olhar mais abusadinho.
Um dia, ele sofreu um acidente na estrada. Saiu até no jornal da cidade. Quebrou fêmur, costelas, dedos, crânio... uma coisa muito séria. As especulações eram as piores possíveis... Enfim, depois de várias cirurgias e tratamentos, ele se recuperou e voltou a sair no jornal, com aquele doce sorriso novamente.Nesta época eu já estava morando em SP, mas sei que a Rosa nunca descobriu se afinal ele ainda está com a mulher dele ou não!!! E com 36 anos de idade, parecíamos duas adolescentes com aquelas paixões platônicas...

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