Há 5 anos saí do mundo corporativo. Há dois meses voltei. Minha saída foi planejada. Meu retorno, não. Saí quando meu segundo filho nasceu. Fui morar no interior para viver o sonho de uma família feliz. A saída do mundo corporativo não foi fácil. Adorava o que eu fazia. Estava bem na empresa em que eu trabalhava.
Mas a idéia de poder ter tempo para a família, em um lugar mais calmo, era realmente um objetivo. Fui feliz no interior. Curti muito a minha casa, os meus filhos. Fiz muitos amigos. Mas, meu casamento, que eu achei que ia melhorar, acabou de vez.
O problema não era o meu trabalho, que consumia o meu tempo, mas as nossas incompatibilidades na forma de ver a vida. Acho que nenhum de nós tinha se dado conta disso.
Meu sofrimento foi grande por deixar a minha vida e, sobretudo, a minha casa no interior. Cada pedaço daquele lugar tinha a minha cara e, mais importante, cada canto tinha uma brincadeira de criança. Eu sabia que a minha volta ia significar uma grande distância disso tudo.
O primeiro ano em SP foi caótico. Fui dar aulas na graduação e a conciliação da carga horária com a rotina das crianças foi absurdamente desgastante para mim. Sentia-me exaurida. Não tinha ânimo e nem forças. Apenas o amor aos meus filhos e a preocupação em sobreviver me mantinham em pé.
É claro que as pessoas à volta percebiam. Dar aulas na graduação naquelas circunstâncias era, para mim, um esforço incomensurável. No segundo semestre tive quase 500 alunos na graduação, o que significa ter corrigido 1500 provas e mais vários kilos de trabalhos. Isso tudo era insuportável demais e, quando chegou o final do ano, eu realmente não aguentava mais. Culminou que, depois de tanto esforço, fui demitida. O que foi, por um lado, um grande fracasso e, por outro, um grande alívio.
Tirei férias com meus filhos. Viajei. Brinquei. Aproveitei muito. Em fevereiro, quando as aulas deles recomeçaram, voltei a procurar emprego. Comecei a trabalhar no dia primeiro de abril.
Quase 2 meses. Sinto-me viva novamente. Uma sensação de que pertenço a esse mundo. Não digo que nunca deveria ter saído, pois vivi muitas e muitas experiências. Conheci outras realidades de vida. Mas estou, maravilhosamente de volta. Faço negócios. Atendo grandes clientes, grandes contas.
Esse é o meu mundo.