quinta-feira, 28 de maio de 2009

Volta ao mundo, corporativo


Há 5 anos saí do mundo corporativo. Há dois meses voltei. Minha saída foi planejada. Meu retorno, não. Saí quando meu segundo filho nasceu. Fui morar no interior para viver o sonho de uma família feliz. A saída do mundo corporativo não foi fácil. Adorava o que eu fazia. Estava bem na empresa em que eu trabalhava.

Mas a idéia de poder ter tempo para a família, em um lugar mais calmo, era realmente um objetivo. Fui feliz no interior. Curti muito a minha casa, os meus filhos. Fiz muitos amigos. Mas, meu casamento, que eu achei que ia melhorar, acabou de vez.

O problema não era o meu trabalho, que consumia o meu tempo, mas as nossas incompatibilidades na forma de ver a vida. Acho que nenhum de nós tinha se dado conta disso.

Meu sofrimento foi grande por deixar a minha vida e, sobretudo, a minha casa no interior. Cada pedaço daquele lugar tinha a minha cara e, mais importante, cada canto tinha uma brincadeira de criança. Eu sabia que a minha volta ia significar uma grande distância disso tudo.

O primeiro ano em SP foi caótico. Fui dar aulas na graduação e a conciliação da carga horária com a rotina das crianças foi absurdamente desgastante para mim. Sentia-me exaurida. Não tinha ânimo e nem forças. Apenas o amor aos meus filhos e a preocupação em sobreviver me mantinham em pé.

É claro que as pessoas à volta percebiam. Dar aulas na graduação naquelas circunstâncias era, para mim, um esforço incomensurável. No segundo semestre tive quase 500 alunos na graduação, o que significa ter corrigido 1500 provas e mais vários kilos de trabalhos. Isso tudo era insuportável demais e, quando chegou o final do ano, eu realmente não aguentava mais. Culminou que, depois de tanto esforço, fui demitida. O que foi, por um lado, um grande fracasso e, por outro, um grande alívio.

Tirei férias com meus filhos. Viajei. Brinquei. Aproveitei muito. Em fevereiro, quando as aulas deles recomeçaram, voltei a procurar emprego. Comecei a trabalhar no dia primeiro de abril.

Quase 2 meses. Sinto-me viva novamente. Uma sensação de que pertenço a esse mundo. Não digo que nunca deveria ter saído, pois vivi muitas e muitas experiências. Conheci outras realidades de vida. Mas estou, maravilhosamente de volta. Faço negócios. Atendo grandes clientes, grandes contas.

Esse é o meu mundo.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Felicidades de Verônica


Durante a minha fase deprê pós-divórcio, vários amigos e amigas me ajudaram... Uma dessas amigas foi a Antonia. Fazia tempo que não nos víamos e, não me lembro exatamente porque nem como, mas o fato é que acabamos nos encontrado por telefone. Ela me contando da separação dela e eu da minha. As desilusões. As outras dos nossos ex. O sofrimento. As dores.
Falamos de novo algumas vezes no telefone. Mas, na correria da vida, acabamos nos afastando mais uma vez. No final do ano passado, quando eu já tinha voltado para SP, marcamos um jantar. Conversamos muito, relembramos várias fases das nossas vidas. Ela estava bem profissionalmente. E namorando.
E, de novo, a roda da vida vai girando e ficamos mais um tempo sem nos falar. Até que, há cerca de um mês, encontrei um amigo comum num evento. Conversamos e ele acabou me perguntando sobre a Antonia. Resolvi ligar para ela, mas como o celular não atendia, resolvi entrar no Orkut para pegar o e-mail. Qual não foi o meu espanto quando, ao invés da foto dela, apareceu uma enorme barriga!!!
Meu Deus, que surpresa!!! Fiquei super-feliz!!! Mandei um e-mail e ela me mandou os telefones novos. A vida dela mudou radicalmente... Voltou para SP, moudou de emprego, casou e está grávida!!! Tudo em mais ou menos 6 meses... Ontem, de novo, ficamos horas no telefone!!! Estou super-feliz por ela!!!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dia das mães (em retrospectiva)


Na semana passada teve festa de dia das mães na escolinha. Eu já nem me iludo mais. Sei que vou me emocionar e chorar, como todos os anos. Nesse ano não poderia ser diferente... As escolas inovam cada vez mais, supreendem a cada ano.
São mais ou menos 60 alunos no segundo ano. A apresentação começou com a galerinha toda cantando duas músicas. Depois recitaram um poema longo (impressionante para a idade deles) e, para mim, o ápice da apresentação foi quando esses pequenos anjos tocaram, na flauta, uma parte da nona sinfonia de Beethoven. Minha filhinha estava divinamente compenetrada. Foi lindo demais. Outras apresentações se seguiram, mas nada foi tão emocionante.
Um pouco mais tarde foi a apresentação do meu filho de 4 anos... Uma personalidade totalmente diferente. Cantou a primeira música inteira, a segunda pela metade e, na terceira, partes da música e o refrão, acho que já pensando em continuar brincando com os amiguinhos de classe...
Engraçado como as personalidades mudam nessas situações. Minha filha, que geralmente é mais fechada e tímida, nessas apresentações sente-se totalmente segura e dona de si. Ao contrário, meu filho, que normalmente é solto e desinibido, mostra sinais de desconforto com a exposição no palco.
É uma pena que essa ênfase nas artes, tão importante e presente nos primeiros anos da educação infantil, perca-se nos anos que se seguem e que acabemos tendo uma educação tão tecnicista... É como se nos censurassem a manifestação da sensibilidade da alma... E, com isso, talvez um dos caminhos possíveis para um mundo mais humano.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Um momento de reverência a Deus


Quem acompanhou minha vida nesses dois anos sabe o quanto eu sofri, o quanto eu chorei, o quanto eu me desesperei...
E, na minha intimidade, só eu sei o quanto oscilei entre as mais desesperadas súplicas a Deus para que me amparasse e os momentos de maior descrença de que Ele realmente pudesse existir e interferir na realidade.
Hoje quero apenas agradecer a Deus por tudo o que está acontecendo agora. Por todas as experiências vividas recentemente. Pelos meus filhos e pelas pessoas maravilhosas em minha vida.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Músicas que grudam no cérebro


Sempre fiquei intrigada do porque algumas vezes ficamos o dia inteira com uma música na cabeça... Não sou nada musical, raramente ouço música, seja rádio, CD, DVD ou o que for... Não por algum motivo específico, simplesmente talvez não tenha o hábito.
Há cerca de uns dois meses eu fiquei com uma música da Ivete Sangalo por dias e dias e dias e dias na minha cabeça... Aquela que começa com “meu coração, sem direção, voando só por voar...”. Agora é o Milton Nascimento, com Caçador de Mim. Falando sério, acho que já faz mais de uma semana.
Fico tentando entender se essas músicas que ficam morando na nossa cabeça estão querendo nos dizer alguma coisa. Até procurei a música do Milton na internet e fiquei prestando atenção à letra... Mas o que ele quer dizer com “por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim, doce ou atroz, manso ou feroz, eu caçador de mim?”. Juro que não entendo. Não entendo nem o que ele quer dizer e nem o que isso pode ter a ver comigo.
Sequer sei dizer se ouvi essas músicas recentemente. Também não me lembram ninguém, nenhuma situação, nenhum lugar. Não que desgoste, mas também não estão na minha lista de prediletos... Enfim, decididamente não tem explicação. Mas que é intrigante, isso é!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

2 anos


Na semana passada, minha separação fez aniversário de dois anos e a minha filha fez aniversário de 7. Fiz uma festinha bonitinha e singela, apenas para a família e mais meia dúzia de amiguinhas.
Convidei o Tatá, a Tetê (a namorada dele desde que nos separamos) e a filha dela. Eu achei que jamais seria capaz de aceitá-la, de perdoá-la e muito menos ter algum nível de convivência social, ainda que mínimo.
Até hoje não sei se eles já estavam juntos ou não quando nos separamos. Há dois anos, todos os tipos de vingança sórdida passavam pela minha cabeça. Hoje, olho para trás e vejo o quanto foi bom ter descarregado a raiva apenas no consultório do terapeuta.
Acho que nunca chegaremos a ter algum nível de relacionamento mais próximo, mas vejo que tive grandes ganhos por não reagir erradamente nos piores momentos. Preservei minha dignidade e, permitindo que a raiva desvanecesse com o tempo, mantive a sanidade e a tranqüilidade da minha consciência.
Essa talvez tenha sido uma das maiores aprendizagens da minha separação. Por pior que sejam as coisas, por mais raiva, por mais tristeza, por mais dor, sempre temos que nos controlar e agir da forma mais correta possível. Não que não os tenha xingado em rodas de amigos, mas não pratiquei nenhum ato que pudesse efetivamente prejudicá-los.
Hoje tenho uma convivência distante, mas pacífica, com o Tatá e a Tetê. Se eu tivesse perdido a cabeça provavelmente até hoje estaríamos brigando. E toda a minha vida viraria um eterno inferno.
O mais estranho de tudo foi, depois de baixar as fotos no computador, ver as expressões do Tatá durante a festa. Ele não sorri. Saiu sério em quase todas as fotos. Apesar desses dois anos de separação, ainda o conheço. Percebi que não está feliz.
Fiquei pensando no quanto isso é triste. Ele pediu a separação alegando não estar feliz. Fico triste por perceber que, depois de tudo, parece que ele ainda não encontrou o caminho...Será que um dia seremos (nós, os humanos) maduros a ponto de preserva da maneira certa os nossos ditos amores?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Estranhos encontros


Durante esse final de semana foi aniversário de uma de minhas melhores amigas. Eu estava com a cabeça cheia de alguns problemas e tanto trabalho e resolvi dar uma passada lá no meio da tarde para dar um beijo nela e dar uma espairecida.
Chegando lá, além do marido e dos filhos, estavam também o irmão dela com a esposa e um amigo da mãe dela, o Otávio, que eu já conhecia há tempos, de outras festas. Mas nunca havíamos conversado e, desta vez, por estar sem meus filhos, eu estava mais tranqüila.
Minha amiga mora numa casa gostosa e ficamos todos na varanda conversando, pestiscando e bebericando alguma coisinha. Perguntei para o Otávio o que ele fazia e ele contava mil histórias engraçadas de suas viagens pelo interior. Eu, que geralmente falo bastante, desta vez estava mais para ouvinte.
Não sei em que ponto, no entanto, o rumo da conversa mudou e ele começou a contar para mim a história pessoal da vida dele. Não vou descrever aqui em detalhes, mas resumindo, ele perdeu a esposa e a filha no mesmo ano, ambas de câncer. Disse que durante três anos perdeu o rumo da vida, não sabia mais o que fazer, o que pensar, em que acreditar. Disse que nem se lembra ao certo das coisas que fez nesta época, tamanha era a dor que o consumia.
Lá pelas 6 da tarde, a minha amiga já tinha recebido uns 10 telefonemas e resolveu comemorar o aniversário em um bar. Eu fiquei mais um pouco na casa dela e resolvi ir embora, sem saber se iria para o bar ou não.
Aquela história acabou mexendo comigo. A vida é muito mais sensível do que pensamos e estamos muito mais suscetíveis a esses acontecimentos do que costumamos imaginar. Damos valor a coisas que não valem a pena. Deixamos nos envolver em coisas banais. Sofremos por coisas muito pequenas.
No caminho de casa, lembrei dos problemas dos quais eu estava fugindo quando resolvi ir à casa dela. Não são coisas triviais, envolvem várias pessoas e sentimentos e sei que, dependendo da decisão que eu tomar, muita dor poderá ser causada. A responsabilidade sobre isso falando alto na minha cabeça. Muito alto. A minha dor ou a dor dos outros. De repente, era como se eu tivesse saído de mim e estivesse vendo os meus problemas sob um novo olhar.
Passei o resto da noite pensando nisso... Não tinha a menor vontade de ir ao bar e acabei não indo. A novela mostrando o bebê trocado da Maya e eu pensando que preferia morrer a algo semelhante. Minha cabeça parecia um liquidificador. Processava todos os pensamentos juntos. Fui dormir cansada de tantos pensamentos.
Rezei com uma fé resgatada de muito tempo atrás... Peço a Deus que me dê o discernimento para tomar a melhor decisão.