sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Baladas




Logo após a separação, a deprê é tão grande que acho que ninguém suporta... Então as amigas começam a querer fazer de tudo para você esquecer... E começam a aparecer os convites para as baladas...
O problema que dançar já não era o meu passeio predileto quando eu tinha 17... Vinte anos e dois filhos depois, isso realmente não tinha NADA a ver comigo!!! Mas a insistência era grande e então, um dia, eu resolvi ir. Marcamos de nos encontrar às 23h do sábado...
Quando chegou o dia, às 21:30 (ai que sono!) eu já queria estar indo dormir... Foi com bastante esforço que me obriguei a começar a produção... Com que roupa eu deveria ir? Essa... muito formal... outra, ia parecer tia... outra, não se enxerga?... outra, não é baile!!!... outra... outra... ahhhhhhhhhhhhh... tubinho preto básico mesmo... quanto menos aparecesse melhor...
A mesma história com o sapato... salto alto demais eu não suportaria como nos velhos tempos... sem salto ficava horrível... um salto médio e parecia que eu estava pronta para ir para o escritório... ai, Meu Deus!!!
Pensando bem, para que tudo isso? Será que não dava para mudar o programa, colocar um jeans, ir simplesmente comer uma pizza, voltar às 1h e dormir? Mas achei que minha vida correria um sério risco se eu fizesse tal sugestão para as minhas amigas...
Enfim... a maquiagem... Tinha que ser diferente do tradicional lápis-batom... Kit completo... base, corretivo, pó, sombra, blush, rímel, lápis, batom... e resolvi também passar um delineador, afinal todos sempre dizem que meus olhos são lindos, que tenho que ressaltá-los... Uma olhadinha no espelho e....
Cccccccccrrrrrrrrrrreeeeeeeeeeddddddddddoooooooo!!!! Eu me sentia a própria Elke Maravilha!!! Estava totalmente desacostumada com esse visual... Acho que nem quando eu tinha 12 anos e fui no primeiro bailinho saí de casa com tanta vergonha!!!
20 Pai_Nossos e 30 Ave-Marias depois, eu saí...
Claro que cheguei antes delas e fiquei parada que nem um dois de paus na porta... sem saber para onde olhar, o que fazer com as mãos... Parecia que o mundo inteiro olhava para mim... Eu nunca fui tímida na vida e fiquei imaginando como essa sensação era horrível para quem sofria desse mal...
Para encurtar a história... Entramos e tomei logo uma cerveja para ver se anestesiava um pouco o meu cérebro... Não fez efeito nenhum... Fomos dançar... Tinha tanta gente que felizmente passou a sensação de que todos me olhavam... Desliguei um pouco e fiquei dançando sem prestar muita atenção à volta...
De repente, olho para as minhas amigas e elas estão rindo... O que foi? Que parte da cena eu perdi? Então elas me mostraram um cara que não parava de me olhar... Na hora que eu olhei, ele me mandou um beijo e veio na minha direção...
Instintivamente, comecei a procurar a porta de saída, esperar o homem aranha aparecer dos céus para me salvar ou qualquer outra forma de fuga... mas não deu tempo...
Quando ele chegou, eu não podia acreditar... Acho que ele tinha uns 20 anos de idade. Sarado. Alto. Moreno. Lindo. E cheiroso. E chegou chegando, como é de costume dessa galera... Eu não ouvia nada do que ele dizia, tão alta era a música... E também isso não fazia a menor diferença, porque realmente a última coisa que eu queria no mundo era ficar com uma criança de 20 anos!!!
Sair daquela saia justa e sumir dali realmente foi uma tarefa complicada... E pior ainda foi agüentar as gozações delas no dia seguinte... Mas, no fim, isso serviu para aumentar a minha auto-estima, para eu ter certeza de que realmente não gosto de baladas e também que não tenho a menor vocação para caras mais novos... por mais lindos e cheirosos que sejam!!!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Eu amo a Porto Seguro!!!




A parte de manutenção da casa tem história que não acaba mais... Não que o Tatá fosse especialista em consertos, mas saber que a responsabilidade por determinada coisa não é sua já é um grande alívio... Enfim, quando o Tatá foi embora tinham várias coisas para serem consertadas e eu me vi às voltas com esses probleminhas infernais. Será que alguma mulher no mundo gosta de chamar encanador, eletricista e afins? Essa parte me estressa bastante... Mesmo porque chuveiro só queima quando você está usando!!! Resumindo, detesto cuidar essas coisas...
Um belo dia, estava eu jantando em SP com um amigo meu (maravilhoso, aliás), que também é separado. Em determinado momento começamos a falar sobre a adaptação à nova situação, quando, na maior inocência, o ser humano diz uma frase em que eu não acreditei... Candidamente, ele me disse: “Essa parte de adaptação foi fácil... foi só arranjar uma empregada!!!”.
NOSSA!!! Eu não podia acreditar... Aquele gentleman, lindo, maravilhoso, falando uma frase dessas... Eu fiquei imaginando a reação da ex-mulher dele se ouvisse isso... É para qualquer mulher do mundo sair de casa, trabalhar fora e nunca mais se esmerar em preparar o prato predileto de ninguém!!!
Eu, é claro, maquiada e de salto alto, diante daquele Semi-Deus, só dei uma boa risada e falei que os homens eram mesmo impossíveis...
Mas quem me conhece sabe que eu sou muito rápida de respostas. Desta vez, no entanto, fiquei intimamente relembrando aquele comentário de tempos em tempos... até o dia em que a máquina de lavar roupas pifou.
Lembrei, então, que o seguro da Porto dava direito a esses consertos domésticos emergenciais... Eu, que já era uma cliente extremamente satisfeita da Porto Seguro, fiquei ainda mais impressionada com a eficiência e a gentileza do pessoal em resolver o problema. Só para resumir, o tempo entre ligar para a Porto e o mocinho sair da minha casa com a máquina consertada foi mais ou menos 1 hora.... Que maravilha!!! Quem precisa de Tatá?????E, quanto a você, meu doce Semi-Deus, poderíamos formar um belo casal... Eu não lasco as minhas unhas pintadas de vermelho lavando louça e você não precisa se sujar consertando a máquina... Ai, ai, essa vida moderna é bem mais interessante mesmo!!!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mestrado com lágrimas


O Tatá escolheu um momento ótimo para pedir a separação... faltava um semestre para eu concluir minha dissertação de mestrado.
Coitado do meu orientador!!! A gente se falava muito por Skype e, às vezes, no meio da conversa, eu lembrava de alguma coisa e começava a chorar... Não sei como não inundei meu teclado!!!
Quem passou por um mestrado sabe que o processo não é dos mais fáceis... Você tem que usar o tempo que tem e o que não tem para ler e escrever.
Minha rotina era bem louca, mas o pior era à noite... As crianças chegavam da escola mais ou menos às 17:30 e eu ficava dedicada a eles. Lá pelas 21h eu começava a colocar as crianças para dormir... Leitinho, escovar os dentes, contar um milhão de vezes as historinhas da chapeuzinho & cia, cantar uma música, rezar para o anjinho, enfim, por volta das 22h, depois de uma hora no escuro, morrendo de sono, eu voltava para os meus textos e para o computador...
Enquanto estava no meu tema propriamente dito, tudo bem... O difícil era ter que estudar estatística, com suas heterocedasticidades, Akaikes, qui-quadrados e tudo o mais... AI MEU DEUS!!!! É de enlouquecer qualquer santo tentar entender essas coisas à meia-noite, depois de um longo dia, com a cabeça ainda remoendo a separação!!!
Às vezes, tentava escrever e não saía nada... Aí eu começava a escrever, no meio do texto da dissertação, umas bobeiras, do tipo, "quero que o Akaike e o Tatá" e vocês podem imaginar o resto...
Ainda bem que fiz uma bela revisão antes de entregar (no último dia do prazo), porque se não, seria difícil explicar essas partes do texto para a banca!!!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

As Alianças e a Revolução do Armário




Cuidar dos pequenos detalhes da separação é uma coisa às vezes sórdida, às vezes triste... O Tatá deixou a aliança. E agora? O que é que eu faço com essas duas rodinhas que adquirem um gigante significado psicológico e social?
Não me admira que as pessoas façam as coisas mais insanas do tipo jogar no lixo, no vaso sanitário, doar para instituições de caridade... Fiquei me perguntando o que as outras pessoas, se é que alguém não fica insano na semana seguinte à consumação do fato, fazem com as alianças após a separação...
Eu guardei numa caixinha.
Dentro do armário.
Então percebi que minhas roupas estavam espremidas.
E me dei conta de que agora eu tinha mais espaço... Resolvi fazer a Revolução do Armário...
Tirei o que restava das roupas dele e coloquei num saco.
Tirei TODAS as minhas roupas do armário... São muitas... Quem conhece, sabe... Mudei tudo de lugar, deixei tudo bonitinho... branco com branco... minhas 850 (agora ninguém mais vai implicar com isso!!!) blusinhas pretas básicas só de um lado... Ai! Que delícia! Vestidos de um lado, calças de outro... Uma gaveta inteira só de calcinhas e sutiãs... Quanto espaço só para mim...A caixinha ficou lá, bem no fundinho do armário. Longe das calcinhas, é claro!!!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Me contem as suas histórias também...






Eu tenho infinitas histórias... Eu me lembro de um professor na faculdade de história, que dizia que isso é característica dos indígenas... Transformar cada mínimo acontecimento em uma longa história...

Parece que nós, latinos, herdamos essa capacidade. E por isso somos considerados comunicativos...

Então, meninas separadas (e meninos também, por que não?), escrevam para mim as suas histórias também... Terei prazer em respondê-las!!!

Chocolate

Eu tenho uma grande autonomia nas minhas atividades profissionais e, enquanto estava morando no interior, fazia meu trabalho em casa... Resumidamente, todas as tardes, quando as crianças iam para a escola, eu ficava trabalhando...
Até que um dia... AI MEU DEUS DO CÉU!!!! Que desespero! Comi um pedaço de chocolate... Foi a minha desgraça total!!! Depois do primeiro pedaço, eu comi o segundo. Depois do segundo, o terceiro. Depois do terceiro, o quarto... Acabei com uma barra inteirinha de chocolate... Dessas de 500gr, sabe? Nossa... eu não me lembro de ter feito isso nem quando era adolescente!!! Mas o pior de tudo não foi isso...
O pior de tudo foi que isso se repetiu no dia seguinte.
E no outro.
E no outro.
E em todos os dias subsequentes...
Durante MESES!!!
Óbvio que eu não preciso dizer qual foi o resultado...
7 ENORMES kilos!!!
Ai que desespero!!! Por que a gente piora as coisas?
Eu me xingava e quanto mais irritada comigo mesmo ficava, mais chocolate eu comia...
Acho que só parei quando mudei para SP...
Eu acho que a gente fica meio insana quando se separa...
Tem mulher que emagrece... Que sorte!!!
Graças a Deus eu já voltei ao normal... No peso e na vontade... Sobrevivo vários dias sem chocolate... E quando como, são aqueles dois quadradinhos que eu comia antes... UFA!!!
Tudo passa...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Peixe fora d´água


Fiquei quase dez anos casada... A maioria dos nossos amigos também se casou e teve filhos. As crianças nasceram mais ou menos na mesma época, ou tinham apenas um ou dois anos de diferença...
Encontros e passeios eram sempre familiares... Lugares onde as crianças tivessem um lugar para brincar e os adultos um tempo para conversar... Festinhas de crianças, restaurantes, casa de um e de outro, férias na praia...
De repente, tudo isso também mudou. Os amigos ficam sem saber se convidam um, se convidam o outro. As mulheres ligam para perguntar o que é melhor... As primeiras experiências são difíceis. Sempre alguém fica meio excluído da conversa.
Um casal de amigos me convidou para um almoço na casa deles... Ficamos horas conversando os três... Conversamos sobre tudo, da crise à vida alheia... Mas, em alguns momentos o assunto era muito mais feminino e o meu amigo ficava meio de fora da conversa. Como trabalho na mesma área que ele, mudava o assunto para o trabalho... e era a vez da minha amiga de ficar por fora...
E assim foi indo... Foi divertido, mas nenhum dos três tocou no óbvio assunto da ausência do Tatá. Um equilíbrio foi rompido.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Fofocas e futricas


Quando eu me separei, eu morava numa cidade do interior paulista com menos de 100.000 habitantes e era uma pessoa bastante conhecida no bairro e no clube, principal área de lazer da cidade. Tínhamos dois carros e uma vida bastante movimentada e o vai-e-vem era constante em casa.
Não demorou muito para que os vizinhos reparessem que um dos carros não mais aparecia - e nem o dono. Até que um dia, D. Filomena apareceu em casa e perguntou ("na lata"): "Cadê o Tatá?". Eu expliquei que ele tinha ido embora e as pertuntas acumuladas a semanas na mente da futriqueira do bairro jorraram como um poço de petróleo recém-perfurado...
2 copos de água, 3 fatias de bolo e 2 cafés depois, já quase entrando no meu quarto para ver se havia alguma pista na "cena do crime", comecei a dar indícios de que já tinha dado depoimentos o suficiente naquela tarde...
Descobri naquele momento uma nova Lei de Murphi: os chatos do telemarketing nunca ligam quando você precisa!!! Ah, se eles ligassem naquele momento, acho que eu ficaria umas duas horas no telefone...
Como eu imaginava, dois dias depois da graciosa visita, eu já era o assunto do bairro... Alguns solidários, outros queriam apenas alimentar o assunto da semana, outros especulavam sobre o futuro... Aquele telefone sem fio foi crescendo e, no sábado daquela semana, durante uma caminhada, soube até das brigas, aos berros, das últimas semanas antes da separação... O único detalhe é que isso nunca aconteceu!!!

Escorpião 2, A Revolta



Pode parecer inacreditável, mas umas duas semanas depois do escorpião 1, apareceu o escorpião 2!!! Desta vez, no meio da tarde, entre os almofadões que eu tinha no chão da sala.

A minha empregada, que é discretíssima e quase não fala nada, de repente, começou a gritar o meu nome... Saí correndo do escritório, pois isso realmente era inédito (e também nunca mais aconteceu). Quando cheguei na sala, ela estava sem fala e apontava ameaçadoramente o cabo da vassoura para o escorpião!

Ah, não!!! De novo? O que vocês estão pensando? Estão tirando uma com a minha cara? Que absurdo!!! Acho que eles estavam realmente a mando do Tatá, para espionar o que eu fazia na sua ausência!!! Mas isso não vai ficar assim não!!!

Tirei o meu chinelo (o mesmo) e com dois ataques fulminantes o coitado já tinha ido encontrar o seu parente no além!!!

Enfim, acho que a mensagem foi enviada aos ovnis e nunca mais nenhum deles apareceu para me espionar...

Escorpião 1



No bairro onde eu morava tinha muitos terrenos vagos e de vez em quando aparecia um escorpião. Na minha casa nunca tinha parecido um... É claro que o bichinho tinha que aparecer justamente depois que o Tatá foi embora.

Era sábado de manhã, acho que por volta das 07:30. Eu ia colocar o lixo na rua. Levantei o saco que estava apoiado sobre uma caixa de papelão e lá estava ele! Eu quase podia ver os dentes dele (do escorpião, claro!) rindo da minha cara perplexa e patética! Automaticamente fiquei na ponta dos pés, que estavam, obviamente, vulneravelmente metidos num chinelo! E agora? Não dava para entara em casa e esperar o bicho achar outro esconderijo. Ele poderia atacar minhas criancinhas... Eu também não podia pegar o chinelo com a mão e matá-lo, pois esses poucos centímetros de distância entre a pinça e os meus extremamente úteis dedos era muito próxima...

Ficamos então nos encarando um pouco. Eu e o escorpião. E como o Tatá era do signo de escorpião, meus sentimentos se dividiram naquele momento. Parecia que o bicho era um espião checando o que eu estava fazendo na sua ausência. Neste período ainda tão recente da minha separação, matar cruelmente um escorpião com resquintes de violência seria uma vingancinha bem doce... Por outro lado, o mede de ele vencer a luta, subir pelo meu braço e picar meu pescoço era enorme!!! E enquanto eu pensava tudo isso, ele ficava ali me olhando...

Decidi arrastar a caixa de papelão até o portão, devagar para ele não sair correndo. Apenas o polegar e o indicador segurando a beirinha da caixa... A longa viagem, de uns 25 metros mais ou menos, durou três minutos, doze segundos, vinte e cinco milésimos e uma eternidade e meia. Enfim, deixei a caixa no meio da rua... mas o problema estava apenas parcialmente resolvido.

Então, advinhem? Passou o homem da carrocinha de sucada... Felizmente não era o mesmo, senão ele provavelmente sairia correndo e largaria a carrocinha ali mesmo. Era outro. Como uma linda, maravilhosa, super-hiper-ultra-magnífica bota preta de borracha!!!

Expliquei a situação. Ele olhou a caixa e nada de escorpião!!! O homem olhava para mim com cara de incredulidade. Eu não podia acreditar, afinal eu já estava há 15 minutos sem piscar nem uma única vez!!! Achei que ele poderia estar escondiso sob as abas da caixa...

Quem passou pela rua naquela hora (ainda bem que eram poucos, afinal quem acorda e já está na rua num sábado às 07:45?), viu um homem da carrocinha pisoteando enfaticamente uma pobre caixa de papelão e uma dona com cara-de-quem-acordou-agora-e-levou-um-susto olahdno a cena com os olhos arregalados.

Depois da operação pisoteamento, o homem virou a caixa... e para a graça do resto da pouca sanidade que me restava, efetivamente encontrou os restos mortais do bicho... Larguei o Tatá, ops, quer dizer, o escorpião, no terreno ao lado, morto sozinho e abandonado!!!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Trocando o gás


Algumas coisas parecem incríveis... o gás de cozinha dura em média uns 3 meses na minha casa. Mas, é lógico, tinha que acabar JUSTO na primeira semana após a separação. Ainda com o rosto inchado de tanto chorar, mas com as boquinhas famintas dos meus filhos para alimentar, estava eu na cozinha preparando o almoço quando o gás acabou. Tentei girar aquela borboleta que liga o botijão e nada de conseguir. É lógico que eu nem tinha certeza do lado certo para girar e eu não sabia se eu estava efetivamente fazendo força para abrir ou fechar a tal da borboleta. Meus dedos já estavam doendo, então tentei com um pano de prato. E nada. Tentava para um lado e para o outro. Nem apenas um milímetro de movimento. #$%!&!#!!!
Bem, o jeito era pensar em outra alternativa... almoçar fora. Não tinha a menor condição. Eu estava um trapo. A bermuda mais velha, manchada, feia e larga que eu tinha... verde. Combinando perfeitamente com a blusa laranja desbotada e suja, com o meu nariz inchado e vermelho de tanto chorar e com o meu cabelo preso no alto num tufo de assustar até fantasma! Mas essa figura refletia perfeitamente meu estado de humor... Não! Me arrumar e sair estava fora de cogitação!!! Imagine ainda ter que arrumar as crianças!!! E de ser parada pelos conhecidos para responder às perguntas sem fim ("Nossa!!! vocês formavam um casal tão bonito!!!") ... Nem pensar...
O jeito era fazer outra comida... mas a minha falta de vontade de sair nesta semana também tinha incluído não ir ao mercado... Achei que misturar atum e ervilha não ia ser suficiente para as criancinhas.
Então eu sentei.
E esperei.
Esperei.
Esperei.
Ai, ai...
Nada aconteceu...
O jeito era apelar. Saí no portão, daquele jeito mesmo. Minha aparência lembrava um filme de terror batido no liquidificador.
Passou um homem puxando um carrinho de material para reciclagem. Acho que ficou com pena de mim. Fez apenas um aceno discreto com a cabeça, como quem cumprimenta uma viúva na beira do túmulo. E se foi.
Um dos meus vizinhos (aquele que antes me olhava com cara de lobo) apareceu. Pude até ler os pensamentos dele: "de onde saiu esse bagulho?". Mas, como eu não tinha opção, tinha que ser ele mesmo! Como toda a cara-de-tomate-fervido do mundo, pedi para ele trocar o gás para mim. Só vi de relance a mulher dele torcendo o nariz quando o viu entrar na minha casa...
Torce para cá, torce para lá e nada da borboleta se mexer. Mentalmente eu xingava o homem do gás que tinha colocado o último botijão no lugar. E também meu ex-marido que não estava lá para fazer força... Meu vizinho interrompeu meus devaneios para pedir um martelo, já olhando para a minha cara como se fosse perguntar se eu tinha alguma idéia de onde meu ex-marido poderia colocar tal coisa. Mas, não demorou muito... uns 5 minutos para eu achar o tal do martelo. TUM. TUM. Duas marteladinhas ridículas e pronto! A borboleta girava docentemente!!! Parecia até que ia voar!!!
A essa altura, meu humor estava para lá de azedo e meu sorriso que antes estava amarelo, ficou cor-de-jaca! Rezei para que a um tremor de terra fulminante se abatesse sobre o planeta e acabasse com todas as formas de vida!!! Enquanto isso, agradecia com aquela cara de idiota e nem saí no portão para não ter que olhar para o lobo e para a mulher panela-de-pressão.
E, é claro que, no final, acabei até perdendo a fome!

O começo


A idéia de começar esse blog surgiu das inúmeras aventuras e desventuras pelas quais passei depois da minha separação - de coisas simples, como não saber trocar o gás, a outras mais complexas, como administrar o sentimento de perda.
Algumas histórias são verídicas, que aconteceram comigo ou com as minhas outras amigas separadas. Outras são fictícias, mas inspiradas em fatos da vida cotidiana.
As personagens, é claro, são todas exageradas e fictícias para ter mais graça... inclusive eu, que nem ao menos me chamo Verônica. Carinhosamente, meu ex-marido também ganhou um nome fictício: Tatá. Achei esse "nominho" bem simpático.
Enfim, cada separação tem sua história... E desdobramentos que vão do desespero ao hilariante. E que nos levam a chorar e a chorar de rir!!!
Bom divertimento para vocês!!!