terça-feira, 23 de junho de 2009

As escolhas que a gente faz


Acho que fico mais chata a cada dia... Não consigo fazer coisas "meia-boca". Ou faço direito ou não faço. Na semana passada tive um desses acontecimentos em que a gente tem que decidir entre fazer direito ou não...
Uma das disciplinas que estou ministrando no MBA é Metodologia de Pesquisa. A idéia é simplesmente orientar os alunos a preparar o trabalho de conclusão de curso, discutindo cada uma das partes do trabalho.
Uma dessas partes é o referencial teórico, onde eles deveriam pegar referências em livros ou artigos acadêmicos para fundamentar suas pesquisas.
Às vezes fico desanimada. Meus alunos são gerentes de empresas grandes, não adolescentes cujos pais financiam sua graduação... Mas, independentemente do nível, a internet torna as coisas tão fáceis, não é mesmo? Fiquei simplesmente chocada com a quantidade de cópias nos trabalhos que eles me entregaram! E não foi um caso isolado, mas metade da sala! Fui colocando um a um no Google e, confirmando minhas suspeitas, encontrei páginas e páginas copiadas. E, além de copiar, nem se dão ao trabalho de usar uma fonte decente. Tinha coisas da Wikipedia!!! Argh!!!!
O que fazer nesse caso? Falam mal do ensino no Brasil e não é para menos! Minhas opções eram: simplesmente fingir que eu não percebi e aprovar todo mundo (o caminho mais fácil) ou devolver todos e mandar refazer (o mais estressante para o professor).
Acho que a maioria dos professores se "cansa" de tentar consertar o mundo e simplesmente teria escolhido a primeira opção, pois entendem que cada aluno é consciente daquilo que faz. Outros tantos teriam simplesmente dado zero para os alunos e pronto.
Mas, não Verônica!!! Resolvi ir pelo caminho mais árduo... Fechei a porta da sala, expliquei que plágio é crime, que pode dar um ano de detenção e multa.
E como, sinceramente, acredito que alguns não tenham feito de má fé, decidi dar a eles uma segunda chance e permiti que eles refizessem os trabalhos e me entregassem novamente depois de duas semanas.
Resultado... Eu trabalho o dobro e não ganho nada a mais por isso (nem dinheiro, nenhum reconhecimento da faculdade e uma péssima avaliação dos alunos). Ao contrário, ainda vou perder uma parte das minhas férias.
Será que isso tudo realmente vale a pena?



sexta-feira, 12 de junho de 2009

Um dia estranho


Sexta-feira, emenda de feriado e dia dos namorados. Isso é dia para trabalhar? Pois é... Metade do escritório não veio... Hoje está tudo muito estranho.
Roupas mudam. Os poucos que vieram estão à paisana. Jeans substituem ternos.
Hábitos cotidianos mudam. A secretária está de fone de ouvido... A música está tão alta que me incomoda mesas além.
Assuntos mudam. As meninas discutem onde acontecem festas de solteiros hoje... Falam sobre fazer compras na José Paulino.
Interesses mudam. Não tenho vontade de ligar para clientes ou executar quaisquer tarefas que costumo fazer com prazer nos outros dias.
Nesse ambiente tão diferente, talvez hoje eu tenha alguma idéia sensacional...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Além de separadas, condenadas ao inferno


Os fatos se sucedem na vida e o cotidiano nos impede de momentos mais reflexivos sobre o sentido das coisas. Até que, de repente, algo aparece na sua frente, obrigando-o a pensar... Pois bem, eu estava pesquisando outras coisas até que entrei no Portal da Família e deparei-me com um texto de São Josemaría Escrivá (www.portaldafamilia.org.br/artigos/artigo085.shtml), fundador do Opus Dei, sobre "A mulher separada e a indissolubilidade do vínculo matrimonial".


Em síntese, o texto reflete a posição da igreja católica sobre o casamento. Haja o que houver, o casal está casado para sempre. Ele diz que "a indissolubilidade do casamento é de lei natural, de direito divino". Um pouco adiante, complementa, dizendo que "reconhecendo muito embora a inevitável dureza de bastantes situações, em não poucos casos, poderiam e deveriam ter sido evitadas - é necessário não dramatizar demasiado". E mais ainda "O que verdadeiramente torna uma pessoa infeliz é essa busca ansiosa de bem-estar". E finaliza dizendo que as situações duras tem a sua graça e um chamado divino para trabalhar a caridade.


Nasci católica e, com tal formação, entendo e efetivamente aceito com resignação alguns fatos difíceis da nossa vida. Não exatamente como posto por São Escrivá (como provação), mas sim como etapas necessárias para o nosso aprimoramento e crescimento espiritual. Neste sentido, embora minha separação não tenha acontecido por minha opção, eu a aceitei. Mas acho que essa resignada aceitação, por si só já basta. Fico muito triste em saber que a "Santa Igreja" me condene ao inferno por ter me separado. E, além disso, ainda queira deixar a minha consciência culpada por que não soube evitar as situações que levaram a isso.


Respeito a Igreja e as Religiões em todas as suas formas e designações. Mas será que não haverá nelas um espaço de maior sensatez, em que uma separação possa ser encarada simplesmente como um fato triste, mas passível de um novo equilíbrio? Acho que eu e o Tatá já nos perdoamos pelos nossos erros (ou quase todos) e desejamos que o outro encontre equilíbrio e felicidade em um novo caminho. Sinceramente, sinto-me mais próxima a Deus pensando desta forma do que frequentanto a Igreja que me condena.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ping-Pong de Criança


De acordo com a sentença do juiz e, principalmente pelo interesse do pai, as crianças ficam um final de semana comigo e outro com o pai. No começo do ano, eu e o Tatá acertamos uma agenda para o ano inteiro, para evitar stress de ambos os lados. Isso tem funcionado muito bem. É muito raro eu ou o Tatá termos que mudar de data.
As crianças aceitam essa situação docilmente, como se fosse a coisa mais natural do mundo (na realidade, para eles, deve ser mesmo). Confesso que isso ainda me causa estranheza. Primeiro por ter que ficar sem eles. E, depois, porque eles ficam indo para lá e para cá o tempo todo, como bolinha de Ping Pong... Boa parte dos amiguinhos deles também é filha de pais separados e acho que esse tipo de vida, quando crescerem e conversarem sobre isso, será considerada normal para eles.
É claro que sempre nos adaptamos aos fatos. Aproveito para tirar o atraso do doutorado, ir no cabeleireiro sem culpa por demorar, passear, dormir, enfim, fazer programas de adulto sem compromisso...
Sei que ficam bem, brincam. Mas, ainda assim,preocupo-me. Preocupo-se se isso faz bem para eles e, no longo prazo, quais serão os reflexos disso no equilíbrio emocional deles. E preocupo-me com que tipo de mensagem estamos passando... Quando estamos com eles, a prioridade é deles. Nossas próprias coisa ficam para depois, para quando estão com o outro. Por um lado, pode ser importante para que percebam a prioridade deles nas nossas vidas, sentirem-se cuidados e amados. Por outro, espero que não se tornem "reizinhos", acostumados a serem prioritários em qualquer situação da vida.
Tento lidar com isso da melhor forma possível... Acho que a vida de mãe separada é assim mesmo... Cheia de dilemas!!!