sexta-feira, 6 de março de 2009

Que tipo de química existe em Recife?


Um pouco antes de nos separarmos, eu e Tatá estávamos pensando em ir para Recife... Obviamente, como as coisas foram ficando mais tensas e complicadas nos seis meses que antecederam o evento final, cada um acabou achando uma desculpa para não irmos. Na época, fiquei frustrada, pois conheço vários lugares do Nordeste e queria conhecer Recife também.
O tempo passou e eu já tinha até esquecido do assunto. Mas, depois que mudei para São Paulo, meu chefe era recifense. Logo de início, quando fomos apresentados, eu me lembrei da história da viagem, mas é claro, nunca comentei nada. Meu chefe era alegre, divertido e engraçado. Para minha tristeza, isso era só uma fachada e o fulano era um tremendo fdp... Dessas pessoas falsas, que falam por trás.
Nos primeiros meses em São Paulo, eu estava tensa, com um milhão de responsabilidades, tendo que ver escola para os meus filhos, casa nova, empregada, trabalho novo, além de não poder deixar de pensar nas coisas de sempre, supermercado, carro, contas para pagar, etc, etc. Mesmo sobrecarregada, eu estava dando conta do recado e os feedbacks que eu tinha das pessoas com quem eu me relacionava no trabalho eram positivos. Faltei no trabalho apenas 1 vez, e ainda assim, durante meio-período, pois meu filho caiu e tive que levá-lo ao hospital para levar meia dúzia de pontos no queixo.
No dia seguinte ao acidente, eu soube que ele fizera mil comentários do tipo, “mulher é complicada e com filhos, ainda pior”. Foi uma das poucas vezes que eu senti um preconceito e revolta. Eu queria encostar o fulano na parede, olhar bem no fundo dos olhos dele e dizer que dificilmente ele daria conta de fazer um terço das coisas que eu fazia. Apesar da raiva, eu não podia ter uma conversa honesta com ele, pois colocaria a pessoa que havia me contado em uma situação delicada. Tive que engolir esse sapo, gordo, enorme e melequento e continuar tocando a vida como se nada tivesse acontecido.
Para a minha surpresa, ele me demitiu, por telegrama, uma semana antes do Natal. Uma coisa assim, meio na surdina, quando a grande maioria estava de férias... Imagino que quando o telegrama chegou, ele já deveria estar em Recife, na praia, curtindo as festas com a família.
Quando voltaram em janeiro, meus colegas ficaram estupefatos. Ninguém acreditava... Recebi muitos telefonemas e e-mails solidários...
Enfim, parece que entre eu e Recife não está rolando uma química... Acho que é assim que se criam as lendas de castelos mal-assombrados!!!

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