sábado, 11 de abril de 2009

A insanidade do doutorado


Quando se faz mestrado e doutorado, você tem que estar disposto a abrir mão de parte de sua sanidade mental e também de todo o tempo livre de que dispõe, incluindo-se as horas de refeição, as horas de sono e os finais de semana.
Nesse ponto, meu mestrado até que foi tranqüilo, pois eu me permiti tirar um período sabático. Curti muito a fase do mestrado, principalmente o começo. Eu ficava com as crianças de manhã, estudava à tarde e ficava com eles à noite. Às vezes tinha que fazer alguma coisa à noite, mas nos finais de semana quase nunca trabalhava.
Mesmo assim, o Tatá sentia-se incomodado pelo meu mestrado.
Mas eu amo estudar. Acho que não vou parar nunca. E mesmo antes de terminar o mestrado, eu já sabia que queria fazer o doutorado. O Tatá me disse que tomou a decisão de se separar no dia em que eu disse que iria fazer o doutorado. Não que esse tenha sido o motivo principal da nossa separação, mas, com certeza, foi a gota no copo d´água.
Agora, no doutorado, a situação é totalmente diferente. Trabalho o dia inteiro, assisto às aulas do doutorado duas vezes por semana à noite e dou aulas mais uma vez por semana. Resumindo, tenho duas noites livres por semana, que dedico integral e incondicionalmente aos meus filhos. Para dar conta das tarefas do doutorado, tenho que dormir muito pouco. Como conseqüência, todos os finais de semana em que as crianças estão com o Tatá, dedico-me totalmente às tarefas do doutorado.
É claro que isso tudo tem um fim. Em junho acabam minhas aulas e estarei fora de casa à noite apenas uma vez por semana. Escrever a tese, ao contrário do que normalmente se pensa, é muito mais fácil do que passar por essa fase inicial de cursar as disciplinas. Eu estou contando os minutos para o dia em que as disciplinas vão acabar.
Em dias como hoje, em que o sol lá fora está lindo, fico me perguntando por que razão escolhi essa vida. A maior parte dos meus amigos executivos fez uma faculdade e um MBA. E meus amigos acadêmicos não trabalham em empresas o dia todo. Ou seja, as pessoas escolhem um caminho e fazem as coisas dentro desse caminho. Mas Verônica não. Tem que fazer tudo ao mesmo tempo. Às vezes acho que realmente sou insana.
Por tudo isso, odeio tarefas triviais, como fazer supermercado, cuidar de afazeres domésticos em geral, cuidar do carro e coisas a fim. Meu sonho é ganhar na Mega-Sena para nunca mais ter que fazer essas coisas.
Enfim, para que fazer tudo isso? O que eu vou ganhar? Largar o doutorado simplesmente me faria ter uma qualidade de vida infinitamente melhor do que a atual. Teria até um tempo para namorar. Mas, sim, eu tenho um grande propósito com tudo isso. Não vou contar agora. Vou deixar para um outro dia, pois a história é longa.Tenho ainda dois anos de doutorado pela frente. A defesa da minha tese será no mês do meu aniversário de quarenta anos. Vou tentar fazer com que aconteça exatamente no dia do meu aniversário. Vai ser um mega-presente, com direito a uma mega comemoração!!!!!!

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